Provavelmente você já deve ter lido ou ouvido os termos: uvas viníferas (europeias) e uvas de mesa (americanas). Elas produzem vinhos de qualidades distintas, sendo a primeira destinada aos vinhos finos e a segunda aos vinhos de mesa.

Outro conceito muito importante é o das “Uvas Autóctones”, que vem ganhando a atenção dos apaixonados por vinhos que buscam produtos de novas origens e estilos. Numa descrição mais ampla, podemos descrever as uvas autóctones como aquelas plantadas em sua região de origem. Resultado de mutações ou cruzamentos naturais que ao longo de muitas décadas ou séculos estabeleceram características únicas e facilmente reconhecidas em seus vinhos.

Uvas Autóctones em Sua Terra Natal

Algumas uvas têm grande sucesso em sua terra natal, pois ali encontram condições especiais de clima, solo, pluviometria e método de produção que as favorecem e permitem sua máxima expressão de qualidade e tipicidade. Isso fez a fama de alguns ícones, como a Pinot Noir na Borgonha, Cabernet Sauvignon em Bordeaux, Nebbiolo no Piemonte, Tempranillo em Rioja, Touriga Nacional no Douro. A lista segue e é grande!

Outas uvas permanecem em seus locais de origem que preservam sua individualidade de forma brilhante pelas mãos dos enólogos. Bons exemplos são a Furmint da Hungria, base para os famosos Tokaj doces, a Touriga Nacional no Dão, Douro e Alentejo em Portugal. Neste último ainda temos uma lista enorme de uvas que só se encontram naquelas terras, como Baga, Loureiro, Viosinho, Esgana Cão, Donzelinho, Códega de Larinho, dentre outras. Portugal preserva mais de 200 cepas locais que mostram toda diversidade de vinhos ali produzidos. Outro país com um lindo patrimônio de uvas autóctones é a Itália. Muito mais que apenas a Sangiovese e Nebiollo temos a Barbera no Piemonte, Agliânico no Sul, Verdicchio no Centro Itália, assim com a Fiano, na Sicília temos a Zibibbo, Inzolia e Catarratto. No total são mais de 400 cepas distintas.

Uvas Autóctones Fora de Sua Região de Origem

Evidentemente algumas dessas uvas foram levadas para outras regiões e fazem vinhos de qualidade, mas nesses casos não podemos chamá-las de autóctones. E em grande medida, terão outras expressões de aromas e sabores. Exemplo muito didático é a Malbec, que em Cahors na França, sua região de origem apresenta vinhos muito distintos daqueles feitos em Mendoza na Argentina. O primeiro é mais austero, taninos mais firmes, frutas vermelhas frescas e leve caráter herbáceo, já o argentino mostra normalmente mais intensidade de fruta vermelha e preta madura, taninos macios e teor alcoólico maior.

Algumas uvas têm uma capacidade muito boa de adaptabilidade em regiões diferentes, mantendo um vigor produtivo e qualidade final interessantes. Podemos citar a Chardonnay como a uva branca mais plantada e capaz de entregar vinhos em vários estilos, desde os mais secos, acidez alta, aromas e sabores cítricos até os mais amanteigados, com frutas tropicais e textura mais densa. Outra bem conhecida é a Cabernet Sauvignon, rainha das uvas tintas e presente praticamente em todos os continentes. Fora de Bordeaux encontra condições para excelentes vinhos no Vale do Maipo no Chile, Nappa Valley nos EUA, os encorpados australianos e os Super Toscanos em Bolgheri na Itália.

Variações de Nomes em Diferentes Origens

Existe também as variações de nomes usados pela mesma uva em lugares diferentes, caso da espanhola Tempranillo, chamada de Tinta del País, Tinta de Toro, Ull de Lebre, Cencibel, e em Portugal de Tinta Roriz no Douro. Caso semelhante acontece com a Francesa Syrah, que na Australia responde por “Shiraz”, e que lá entrega vinhos carnudos, cheios de fruta preta e álcool mais elevado. Bem diferente dos mais elegantes pares do Rhone, esses mais frescos e com fruta menos intensa.

Experiencie Uvas de Múltiplas Regiões e Origens!

O mais legal é que podemos usar nosso tempo para descobrir cada nuance de aromas e sabores dessas maravilhas sem a preocupação de repetir a mesma uva se decidirmos pelas novidades do mundo do vinho.

Agora você pode se aventurar pelos novos nomes das uvas sem medo e desfrutar de boas garrafas que encontrará em nosso portfólio cuidadosamente escolhido pensando na qualidade e diversidade das origens de cada vinho, conheça sobre nossos produtores.

Saúde!

José Eduardo Barboza, Sommelier Senior da Berkmann Wine Cellars Brasil